sexta-feira, janeiro 05, 2007

Quem se lembra de Artur Ribeiro?


Quem se lembra de Artur Ribeiro?



Artur Ribeiro no seu carro, comprado em 1954.
Foto de Artur Ribeiro, espólio.


Artur Ribeiro (1923-1988) era portuense mas fez a sua carreira na capital entre as décadas de 1940 e 1980. Se pouca gente se lembra do artista, talvez seja mais fácil recordá-lo rememorando as suas canções como: A Rosinha dos Limões, mas também A Fonte das Sete Bicas, Sete Saias, Cachopa do Minho, Nem às Paredes Confesso, Pauliteiros do Douro, ou fados como Eu nasci Amanhã, O Meu Coração Parou, Adeus Mouraria, Lisboa à meia-Noite.

Este blog é dedicado ao artista Artur Ribeiro. Toda a informação que encontre neste blog provém da minha tese de Mestrado em Etnomusicologia (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa) intitulada Fiz Leilão de Mim: A Carreira de Artur Ribeiro no Portugal do Estado Novo (concluída em 2006) ou de informações adquiridas durante a investigação deste trabalho (entre 2002 e 2005), ou posterior a ela.

Alguns trechos da introdução, com observações:
“A escolha da personalidade de Artur Ribeiro como centro da minha investigação aconteceu quando descobri que este artista foi o autor de um vasto conjunto de canções algumas das quais escutei muitas vezes durante a minha infância e até hoje; o meu pai sempre cantou estas canções em França, enquanto a minha irmã e eu éramos crianças, e ainda hoje continua a cantá-las. São canções que atingiram um nível de grande popularidade, em Portugal bem como nas comunidades migrantes.”

Talvez a canção mais significativa que me lembro perfeitamente seja A Fonte das Sete Bicas, mas igualmente recordo-me bem da Rosinha dos Limões, Cachopa do Minho, Sete Saias, Pauliteiros de Miranda (também com título: Pauliteiros do Douro), e muitas outras. Estas são, em grande parte, canções da Canção Ligeira portuguesa de influência do folclore musical (excepto a Rosinha dos Limões).
O meu pai ainda canta A Fonte das Sete Bicas sobretudo quando cozinha, e também quando eu era criança e que ia fazer a sesta, é o meu pai que me cantava as canções de Artur Ribeiro. Essas canções ficaram gravadas na minha memória. Graças à esse passado e essa lembrança, descobri o autor Artur Ribeiro das canções que canta o meu pai, é um artista que desconhecia completamente. Foi então uma descoberta.

“No início da investigação tinha o desejo e a curiosidade de conhecer Artur Ribeiro, cujas canções sempre ouvi sem saber quem era, e a sua descoberta – bem como a do Fado – permitia-me confirmar a razão de uma busca pessoal de identidade [...]. Porque sou francesa de ascendência portuguesa, vim de França para Portugal com o objectivo principal de conhecer a música portuguesa.”

O que achei fantástico, foi de conhecer as canções de um artista português enquanto sou francesa (nasci em França e vivi lá até aos 24 anos) e que até decidir ir viver para Portugal (em 2000) não sabia quase nada da cultura portuguesa, nem o fado, e até quase não falava português. Significa que a popularidade de Artur Ribeiro numa determinada altura da sua carreira ultrapassou as fronteiras. Tenho de dizer que o meu pai gosta muito das canções deste artista, na altura gostava muito de ouvir cantar Artur Ribeiro, e também é óbvio que escutava as suas canções na rádio no seu local de trabalho. Foi só em 1972-73 que os meus pais decidem ir viver e trabalhar para a França (onde nasci). Foi tempo suficiente para o meu pai conhecer bem as canções deste artista e recordá-las em França, apesar de nunca ter tido nenhum disco de Artur Ribeiro.

“Inicialmente, o objectivo deste trabalho era o estudo do reportório de Fado de Artur Ribeiro que decorria do interesse que eu tinha a respeito do Fado. Porém, enquanto a investigação se desenvolvia, senti a necessidade de orientar esse objectivo para um rumo paralelo, o da etnobiografia (sem pôr de lado o Fado). Uma espécie de biografia, onde se pode analisar a carreira (incluindo o reportório) e a vida artística do indivíduo inserido na cultura e sociedade portuguesa, e discutir a sua importância (e a da sua obra), o seu lugar na sociedade em Portugal. Por outro lado, ao longo da investigação, apercebi-me de que Artur Ribeiro – ao principiar a sua carreira até 1966 como intérprete, compositor e autor – foi cançonetista (embora fosse também vocalista entre 1947 e 1952 no Casino Estoril e em boites de Lisboa) e escreveu canções (letra e música) de reportório da “Música Ligeira Portuguesa” [- e a partir de c. 1967 tornou-se fadista, escrevendo letras para fado tradicional, até ao início da década de 1980].”

3 Comments:

At 11:10 da tarde, Blogger Unknown said...

olà adorei o seu blog
Eu mesmo me esforço no nosso forum a dar a conhecer aos nossos compatriotas,este grande poeta...
Bravo ,as minhas felicitaçoes,e continue,fez um optimo trabalho
igol

http://www.portugal-tchat.com/www.portugal-tchat.com/forum-franco-portugais/upload/showthread.php?p=21143#post21143

 
At 3:24 da tarde, Blogger Regina said...

Olá Igol....

Há uns tempos atrás naveguei pelo site portugal-tchat.com.... E creio termos "conversado" um pouco em torno da personalidade de Artur Ribeiro...

Seja como for, agradeço o elogio, apesar deste meu blog estar um tanto parado.

Um abraço

Regina

 
At 10:00 da tarde, Blogger C.A.R. Hills said...

Cara Regina,

Eu também gosto da música de Artur Ribeiro e, pela voz e pelas letras, parece-me que ele era homossexual. E isto é capaz de ter algo a ver com o desaparicimento dele depois dos anos sessenta do palco portugûes. Será verdade? Pode me contactar por email, giannilamere@yahoo.com.

Atentamente,

Charles Albert Reis Hills

 

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