Quem se lembra de Artur Ribeiro?
Quem se lembra de Artur Ribeiro?
Artur Ribeiro (1923-1988) era portuense mas fez a sua carreira na capital entre as décadas de 1940 e 1980. Se pouca gente se lembra do artista, talvez seja mais fácil recordá-lo rememorando as suas canções como: A Rosinha dos Limões, mas também A Fonte das Sete Bicas, Sete Saias, Cachopa do Minho, Nem às Paredes Confesso, Pauliteiros do Douro, ou fados como Eu nasci Amanhã, O Meu Coração Parou, Adeus Mouraria, Lisboa à meia-Noite.
Este blog é dedicado ao artista Artur Ribeiro. Toda a informação que encontre neste blog provém da minha tese de Mestrado em Etnomusicologia (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa) intitulada Fiz Leilão de Mim: A Carreira de Artur Ribeiro no Portugal do Estado Novo (concluída em 2006) ou de informações adquiridas durante a investigação deste trabalho (entre 2002 e 2005), ou posterior a ela.
Alguns trechos da introdução, com observações:
“A escolha da personalidade de Artur Ribeiro como centro da minha investigação aconteceu quando descobri que este artista foi o autor de um vasto conjunto de canções algumas das quais escutei muitas vezes durante a minha infância e até hoje; o meu pai sempre cantou estas canções em França, enquanto a minha irmã e eu éramos crianças, e ainda hoje continua a cantá-las. São canções que atingiram um nível de grande popularidade, em Portugal bem como nas comunidades migrantes.”
Talvez a canção mais significativa que me lembro perfeitamente seja A Fonte das Sete Bicas, mas igualmente recordo-me bem da Rosinha dos Limões, Cachopa do Minho, Sete Saias, Pauliteiros de Miranda (também com título: Pauliteiros do Douro), e muitas outras. Estas são, em grande parte, canções da Canção Ligeira portuguesa de influência do folclore musical (excepto a Rosinha dos Limões).
O meu pai ainda canta A Fonte das Sete Bicas sobretudo quando cozinha, e também quando eu era criança e que ia fazer a sesta, é o meu pai que me cantava as canções de Artur Ribeiro. Essas canções ficaram gravadas na minha memória. Graças à esse passado e essa lembrança, descobri o autor Artur Ribeiro das canções que canta o meu pai, é um artista que desconhecia completamente. Foi então uma descoberta.
“No início da investigação tinha o desejo e a curiosidade de conhecer Artur Ribeiro, cujas canções sempre ouvi sem saber quem era, e a sua descoberta – bem como a do Fado – permitia-me confirmar a razão de uma busca pessoal de identidade [...]. Porque sou francesa de ascendência portuguesa, vim de França para Portugal com o objectivo principal de conhecer a música portuguesa.”
O que achei fantástico, foi de conhecer as canções de um artista português enquanto sou francesa (nasci em França e vivi lá até aos 24 anos) e que até decidir ir viver para Portugal (em 2000) não sabia quase nada da cultura portuguesa, nem o fado, e até quase não falava português. Significa que a popularidade de Artur Ribeiro numa determinada altura da sua carreira ultrapassou as fronteiras. Tenho de dizer que o meu pai gosta muito das canções deste artista, na altura gostava muito de ouvir cantar Artur Ribeiro, e também é óbvio que escutava as suas canções na rádio no seu local de trabalho. Foi só em 1972-73 que os meus pais decidem ir viver e trabalhar para a França (onde nasci). Foi tempo suficiente para o meu pai conhecer bem as canções deste artista e recordá-las em França, apesar de nunca ter tido nenhum disco de Artur Ribeiro.
“Inicialmente, o objectivo deste trabalho era o estudo do reportório de Fado de Artur Ribeiro que decorria do interesse que eu tinha a respeito do Fado. Porém, enquanto a investigação se desenvolvia, senti a necessidade de orientar esse objectivo para um rumo paralelo, o da etnobiografia (sem pôr de lado o Fado). Uma espécie de biografia, onde se pode analisar a carreira (incluindo o reportório) e a vida artística do indivíduo inserido na cultura e sociedade portuguesa, e discutir a sua importância (e a da sua obra), o seu lugar na sociedade em Portugal. Por outro lado, ao longo da investigação, apercebi-me de que Artur Ribeiro – ao principiar a sua carreira até 1966 como intérprete, compositor e autor – foi cançonetista (embora fosse também vocalista entre 1947 e 1952 no Casino Estoril e em boites de Lisboa) e escreveu canções (letra e música) de reportório da “Música Ligeira Portuguesa” [- e a partir de c. 1967 tornou-se fadista, escrevendo letras para fado tradicional, até ao início da década de 1980].”
Este blog é dedicado ao artista Artur Ribeiro. Toda a informação que encontre neste blog provém da minha tese de Mestrado em Etnomusicologia (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa) intitulada Fiz Leilão de Mim: A Carreira de Artur Ribeiro no Portugal do Estado Novo (concluída em 2006) ou de informações adquiridas durante a investigação deste trabalho (entre 2002 e 2005), ou posterior a ela.
Alguns trechos da introdução, com observações:
“A escolha da personalidade de Artur Ribeiro como centro da minha investigação aconteceu quando descobri que este artista foi o autor de um vasto conjunto de canções algumas das quais escutei muitas vezes durante a minha infância e até hoje; o meu pai sempre cantou estas canções em França, enquanto a minha irmã e eu éramos crianças, e ainda hoje continua a cantá-las. São canções que atingiram um nível de grande popularidade, em Portugal bem como nas comunidades migrantes.”
Talvez a canção mais significativa que me lembro perfeitamente seja A Fonte das Sete Bicas, mas igualmente recordo-me bem da Rosinha dos Limões, Cachopa do Minho, Sete Saias, Pauliteiros de Miranda (também com título: Pauliteiros do Douro), e muitas outras. Estas são, em grande parte, canções da Canção Ligeira portuguesa de influência do folclore musical (excepto a Rosinha dos Limões).
O meu pai ainda canta A Fonte das Sete Bicas sobretudo quando cozinha, e também quando eu era criança e que ia fazer a sesta, é o meu pai que me cantava as canções de Artur Ribeiro. Essas canções ficaram gravadas na minha memória. Graças à esse passado e essa lembrança, descobri o autor Artur Ribeiro das canções que canta o meu pai, é um artista que desconhecia completamente. Foi então uma descoberta.
“No início da investigação tinha o desejo e a curiosidade de conhecer Artur Ribeiro, cujas canções sempre ouvi sem saber quem era, e a sua descoberta – bem como a do Fado – permitia-me confirmar a razão de uma busca pessoal de identidade [...]. Porque sou francesa de ascendência portuguesa, vim de França para Portugal com o objectivo principal de conhecer a música portuguesa.”
O que achei fantástico, foi de conhecer as canções de um artista português enquanto sou francesa (nasci em França e vivi lá até aos 24 anos) e que até decidir ir viver para Portugal (em 2000) não sabia quase nada da cultura portuguesa, nem o fado, e até quase não falava português. Significa que a popularidade de Artur Ribeiro numa determinada altura da sua carreira ultrapassou as fronteiras. Tenho de dizer que o meu pai gosta muito das canções deste artista, na altura gostava muito de ouvir cantar Artur Ribeiro, e também é óbvio que escutava as suas canções na rádio no seu local de trabalho. Foi só em 1972-73 que os meus pais decidem ir viver e trabalhar para a França (onde nasci). Foi tempo suficiente para o meu pai conhecer bem as canções deste artista e recordá-las em França, apesar de nunca ter tido nenhum disco de Artur Ribeiro.
“Inicialmente, o objectivo deste trabalho era o estudo do reportório de Fado de Artur Ribeiro que decorria do interesse que eu tinha a respeito do Fado. Porém, enquanto a investigação se desenvolvia, senti a necessidade de orientar esse objectivo para um rumo paralelo, o da etnobiografia (sem pôr de lado o Fado). Uma espécie de biografia, onde se pode analisar a carreira (incluindo o reportório) e a vida artística do indivíduo inserido na cultura e sociedade portuguesa, e discutir a sua importância (e a da sua obra), o seu lugar na sociedade em Portugal. Por outro lado, ao longo da investigação, apercebi-me de que Artur Ribeiro – ao principiar a sua carreira até 1966 como intérprete, compositor e autor – foi cançonetista (embora fosse também vocalista entre 1947 e 1952 no Casino Estoril e em boites de Lisboa) e escreveu canções (letra e música) de reportório da “Música Ligeira Portuguesa” [- e a partir de c. 1967 tornou-se fadista, escrevendo letras para fado tradicional, até ao início da década de 1980].”
3 Comments:
olà adorei o seu blog
Eu mesmo me esforço no nosso forum a dar a conhecer aos nossos compatriotas,este grande poeta...
Bravo ,as minhas felicitaçoes,e continue,fez um optimo trabalho
igol
http://www.portugal-tchat.com/www.portugal-tchat.com/forum-franco-portugais/upload/showthread.php?p=21143#post21143
Olá Igol....
Há uns tempos atrás naveguei pelo site portugal-tchat.com.... E creio termos "conversado" um pouco em torno da personalidade de Artur Ribeiro...
Seja como for, agradeço o elogio, apesar deste meu blog estar um tanto parado.
Um abraço
Regina
Cara Regina,
Eu também gosto da música de Artur Ribeiro e, pela voz e pelas letras, parece-me que ele era homossexual. E isto é capaz de ter algo a ver com o desaparicimento dele depois dos anos sessenta do palco portugûes. Será verdade? Pode me contactar por email, giannilamere@yahoo.com.
Atentamente,
Charles Albert Reis Hills
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